domingo, 12 de abril de 2020


BICHO DO MATO

Vai incará?  Sou bicho do mato e Sem trato...
Cuspo marimbondo e pego cobra ca mão!
Masco fumo de rôlo e ando descarço!
Do jacaré vô no encarço com bordoadas!
E se dér trovoada espero cair a chuvarada...

Só ando de foice na mão! À noite pico fumo
E despois pego no sono profundo!
Acordo com o sor nascendo e o chêro do café...
Uma espiga de mio debuiado com sar, e, vamu
Pra roça prantar de sor a sor pra mordi coiê!

E tê o que comê!... As veis barro o chão pra
Secá o café, e, despois uma oração pra São José
Que é pra nóis protegê o que nóis vai fazê!
De noite é bão pra oiá os vagalume no pisca pisca!
E, contemprá a lua arta e prateada alumiando a escuridão...
Sem baruio nóis escuta o canto dos grilo pra adormecê!

 Mais nóis tem medo mesmo é do saci Pererê, que
Aparece de susto, numa perna só espantando
Gado e fumando seu cachimbo que dá pra vê de longe!
Aliás de assombração nóis entende! Seu môço da cidade,
O sinhô nuca viu coisa iguar de vivê no sertão!
Aqui nóis come bem e trabaia com sastifação no coração!

Como é bão escuitá o chuá do ribeirão, o xaquaiá das árvore,
O canto do vento, o coachá do sapo, o café no bule, o
Dia nascendo pra mais um prantio e coieita!
Morá na nossa choupana simpres e humirde, mais com as
Bênça de Deus e a proteção de Maria Santíssima!

A vida do “bicho do mato” é a mior vida que temo...
Nóis num recrama, porque nóis tem tudo o que precisamu...
Casebre simpres pra morá... Roça pra prantá... Saúde pra
Trabaiá... Fumu de rôlo pra mascá... Cigarrinho de paia pra fumá!
Mais, se me encherem o saco eu cuspo marimbondo, sô!

Nhô Alfredo...



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