A IGREJA CATÓLICA, O CONCÍLIO
VATICANO II E A REVOLUÇÃO DE 64
Dois momentos embolados
no ano de 1964. Transcorria a pleno vapor o “Concílio Vaticano II” e eclodia a
“Revolução de 64”. O primeiro mobilizava
o mundo para uma expectativa de mudanças na Igreja Católica que já vinha
pedindo reformas na sua constitucionalidade. O segundo, da mesma maneira, mas,
por caminhos diferentes, pedia mudanças nos rumos constitucionais do Brasil.
No frigir dos ovos,
componentes político-ideológicos de âmbito internacionais, eram que como
combustíveis em ebulição na busca das definições propostas, por ambos os
movimentos. As erupções de um grande vulcão derramavam lavas sobre, o
convulsivo leste europeu com a cortina de ferro que ameaçava o resto do mundo
ocidental. O Vietnã sob as invasões americanas.
Em 1964, a Igreja
Católica alinhava-se no apoio aos militares, face às perspectivas da incursão
comunista, importando da China, União Soviética e de Cuba doutrina que
afrontava não somente os ideais democráticos do país como se contrapunha às
linhas eclesiásticas.
Movimentos exponenciais
surgiram. “A Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, reuniu mais de 500 mil
pessoas em São Paulo, em repúdio ao governo Jango e à ameaça comunista.
Enquanto isso o
“Concílio Vaticano II tentava suplantar os desafios internos da Igreja.
Confrontos entre os “Conservadores e os Progressistas”, davam o tom nos
trabalhos conciliares, desde o seu início em 1962. Os efeitos daquela Igreja
medieval fora sacudida com o anuncio de João XXIII convocando um novo concílio
com objetivos de buscar uma grande “renovação” (aggiornamento) de toda a
Instituição eclesial.
As circunstâncias
políticas de 64 fizeram os militares apertarem o cerco na extinção dos
movimentos da guerrilha e do terrorismo perpetrados por movimentos da esquerda
ideológica que culminaram com confrontos, de ambos os lados, e tendo como
saldo, inúmeras mortes e assassinatos.
Os “Direitos humanos”
que intervinham gerou homens como Dom Helder Câmara que liderava as
hostilidades em desacordo com as ações dos militares, Frei Beto, Dom Paulo
Evaristo Arns e a Teologia da Libertação. Por outro lado, homens como Dom Eugênio Sales,
mostravam-se contrário.
As resoluções que iam
nascendo dos trabalhos conciliares, fizeram ecos à América Latina, com uma
Igreja mais missionária, a Teologia da Libertação, a Opção Preferencial pelos
Pobres, e as Comunidades Eclesiais de Base (Cebs).
As Conferências
Episcopais da América Latina e do Caribe (Celam) em Medelin, 1967 e Puebla
(1979) fortaleceram o sul do planeta com os novos ventos surgidos e soprados
pelo Concílio Vaticano II.
Mas um dos aspectos
mais importantes que embasava as Comissões de discussão conciliares chamava a
atenção para uma Igreja leiga e pastoral que não tivesse nenhum vínculo
político com o Estado. Em que pese outra preocupação conciliar com a
centralização curial de Roma, notadamente com poderes do episcopado europeu
ocidental na diplomacia política.
Então, observa-se à luz
da história a fase de transição da Igreja Católica no mundo. E a Igreja do
Brasil, não ficaria de fora desse processo!
Iniciado pelo papa João
XXIII e continuado por Paulo VI, o Concílio Vaticano II abriu portas e janelas
para uma profunda abertura da Igreja com a sociedade mundial.
Aqui no Brasil, essa
abertura sustentada pelas Cebs, Teologia da Libertação, Sindicalismo, mídias e
farta produção literária da esquerda fomentou o enfrentamento aos governos
militares que por sua vez, abriram fogo contra movimentos da violência
assassina de guerrilheiros e terroristas.
Durante séculos, a
Igreja fora elitista e conservadora, mas, se modernizou e atualizou sua
doutrina com as proposições homologadas pelo Concílio Vaticano II que
fortaleceu atividades pastorais, a aprovação da nova Constituição Litúrgica,
formação sacerdotal, liberdade religiosa, entre outras, as mais importantes...
Portanto a historia
mostra dois momentos na posição da Igreja Católica, no período entre 1962-1964.
Sob os efeitos já de uma mudança radical proporcionado pelas resoluções conciliares
(Concílio Vaticano II iniciado em 1962) e sustentada pela eclosão dos
movimentos políticos-ideológicos durante o Período Revolucionário de 64, de
início “APOIA” as iniciativas dos governos militares na deposição do Presidente
João Goulart, quando faz uma leitura benéfica da tomada de poder pelos
militares ante a possibilidade de comunização do grande país católico da América
do Sul.
Ante a decepção causada
pelo continuísmo no poder, por parte dos militares, a Igreja Católica alinha-se
com a esquerda que viu e aproveitou a possibilidade de contar com um braço
extremamente oportuno na sua causa, o de fustigar o poder militar governante.
Jose Alfredo
Evangelista - Jornalista