terça-feira, 20 de outubro de 2015

Crônica jornalística

A IGREJA CATÓLICA, O CONCÍLIO VATICANO II E A REVOLUÇÃO DE 64

Dois momentos embolados no ano de 1964. Transcorria a pleno vapor o “Concílio Vaticano II” e eclodia a “Revolução de 64”.  O primeiro mobilizava o mundo para uma expectativa de mudanças na Igreja Católica que já vinha pedindo reformas na sua constitucionalidade. O segundo, da mesma maneira, mas, por caminhos diferentes, pedia mudanças nos rumos constitucionais do Brasil.
No frigir dos ovos, componentes político-ideológicos de âmbito internacionais, eram que como combustíveis em ebulição na busca das definições propostas, por ambos os movimentos. As erupções de um grande vulcão derramavam lavas sobre, o convulsivo leste europeu com a cortina de ferro que ameaçava o resto do mundo ocidental. O Vietnã sob as invasões americanas.
Em 1964, a Igreja Católica alinhava-se no apoio aos militares, face às perspectivas da incursão comunista, importando da China, União Soviética e de Cuba doutrina que afrontava não somente os ideais democráticos do país como se contrapunha às linhas eclesiásticas.
Movimentos exponenciais surgiram. “A Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, reuniu mais de 500 mil pessoas em São Paulo, em repúdio ao governo Jango e à ameaça comunista.
Enquanto isso o “Concílio Vaticano II tentava suplantar os desafios internos da Igreja. Confrontos entre os “Conservadores e os Progressistas”, davam o tom nos trabalhos conciliares, desde o seu início em 1962. Os efeitos daquela Igreja medieval fora sacudida com o anuncio de João XXIII convocando um novo concílio com objetivos de buscar uma grande “renovação” (aggiornamento) de toda a Instituição eclesial.
As circunstâncias políticas de 64 fizeram os militares apertarem o cerco na extinção dos movimentos da guerrilha e do terrorismo perpetrados por movimentos da esquerda ideológica que culminaram com confrontos, de ambos os lados, e tendo como saldo, inúmeras mortes e assassinatos.
Os “Direitos humanos” que intervinham gerou homens como Dom Helder Câmara que liderava as hostilidades em desacordo com as ações dos militares, Frei Beto, Dom Paulo Evaristo Arns e a Teologia da Libertação.  Por outro lado, homens como Dom Eugênio Sales, mostravam-se contrário.
As resoluções que iam nascendo dos trabalhos conciliares, fizeram ecos à América Latina, com uma Igreja mais missionária, a Teologia da Libertação, a Opção Preferencial pelos Pobres, e as Comunidades Eclesiais de Base (Cebs).
As Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe (Celam) em Medelin, 1967 e Puebla (1979) fortaleceram o sul do planeta com os novos ventos surgidos e soprados pelo Concílio Vaticano II.
Mas um dos aspectos mais importantes que embasava as Comissões de discussão conciliares chamava a atenção para uma Igreja leiga e pastoral que não tivesse nenhum vínculo político com o Estado. Em que pese outra preocupação conciliar com a centralização curial de Roma, notadamente com poderes do episcopado europeu ocidental na diplomacia política.
Então, observa-se à luz da história a fase de transição da Igreja Católica no mundo. E a Igreja do Brasil, não ficaria de fora desse processo!
Iniciado pelo papa João XXIII e continuado por Paulo VI, o Concílio Vaticano II abriu portas e janelas para uma profunda abertura da Igreja com a sociedade mundial.
Aqui no Brasil, essa abertura sustentada pelas Cebs, Teologia da Libertação, Sindicalismo, mídias e farta produção literária da esquerda fomentou o enfrentamento aos governos militares que por sua vez, abriram fogo contra movimentos da violência assassina de guerrilheiros e terroristas.
Durante séculos, a Igreja fora elitista e conservadora, mas, se modernizou e atualizou sua doutrina com as proposições homologadas pelo Concílio Vaticano II que fortaleceu atividades pastorais, a aprovação da nova Constituição Litúrgica, formação sacerdotal, liberdade religiosa, entre outras, as mais importantes...
Portanto a historia mostra dois momentos na posição da Igreja Católica, no período entre 1962-1964. Sob os efeitos já de uma mudança radical proporcionado pelas resoluções conciliares (Concílio Vaticano II iniciado em 1962) e sustentada pela eclosão dos movimentos políticos-ideológicos durante o Período Revolucionário de 64, de início “APOIA” as iniciativas dos governos militares na deposição do Presidente João Goulart, quando faz uma leitura benéfica da tomada de poder pelos militares ante a possibilidade de comunização do grande país católico da América do Sul.
Ante a decepção causada pelo continuísmo no poder, por parte dos militares, a Igreja Católica alinha-se com a esquerda que viu e aproveitou a possibilidade de contar com um braço extremamente oportuno na sua causa, o de fustigar o poder militar governante.


Jose Alfredo Evangelista - Jornalista

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