REFLEXÕES GEOPOLÍTICAS SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI
O conflito que envolveu o Brasil, Argentina e Uruguai contra o
Paraguai, nos mostram que a Guerra do Paraguai não era necessária nem
inevitável! Nem o Brasil nem a Argentina tinham razões suficientemente sérias
com o Paraguai que justificassem uma situação de guerra! E, a guerra não
contava com o apoio nem era uma reivindicação popular! Mas, a necessidade de se
defender contra a agressão paraguaia ofereceu aos dois países (Brasil e
Argentina) , uma oportunidade de fazer um “acerto de contas” com o Paraguai bem
como, de punir, e enfraquecer, talvez mesmo de destruir um poder emergente, e,
preocupante dentro de sua zona de influência!
Dessa forma, as imprudentes ações de Solano López trouxeram à
tona exatamente a coisa, que, mais ameaçava a segurança, e, até mesmo a
existência de seu país: “Uma união entre os dois vizinhos poderosos em uma
guerra contra ele”...
D. Pedro II também parece ter aproveitado a chance de afirmar a
inquestionável hegemonia brasileira na
região (talvez em toda a América do Sul) e, sobretudo, de estabelecer uma
hegemonia sobre o Paraguai, em lugar de uma hegemonia argentina”
Após 150 anos do conflito, uma fumaça ainda paira nos ares da
literatura sobre a Guerra do Paraguai, e desnuda as consequências do conflito
bélico, que envolveu os quatro países na Bacia do Prata.
No conflito foram pelo menos 90 mil mortos. E, para o Brasil não
foi um bom negócio, pois além de perder 33 mil homens, o país contraiu uma
enorme dívida de guerra com dois bancos ingleses: “cerca de dez milhões de
libras esterlinas”! O território anexado do Paraguai, um retângulo irregular
com 300 quilômetros de comprimento por 150 quilômetros de largura, atual Estado
do Mato Grosso do Sul, não compensou a crise monetária, que, se seguiu.
A guerra também não foi um bom negócio para os milhares de escravos
libertos, e, ex-escravos mandados para a linha de frente com a promessa, muitas
vezes, não cumprida, de ganharem a
liberdade após o conflito. As piores tarefas da frente de batalha eram sempre entregues
a eles!
A guerra igualmente não foi um bom negócio para os milhares de
indígenas das nações Terena, Guaicuru, e, Guarani, envolvidos no conflito – o trabalho
sujo de guerra de guerrilhas ficou para eles. Os Terenas lutaram do lado
brasileiro. Os Guaicuru combateram tanto a favor dos aliados, quanto, a favor do Paraguai,
dependendo, de que, lado da fronteira ficavam suas aldeias. Já o grosso das
tropas paraguaias era formado pelos Guarani.
A Guerra também não foi um bom negócio para a Argentina, que,
não apenas não conseguiu se apoderar de vastas porções do território paraguaio,
como também se endividou com os ingleses.
A Guerra, por fim, não foi um bom negócio para o Uruguai, que,
embora não tenha contraído muitas dívidas, perdeu mais de mil homens, e, na
partilha territorial, que se seguiu ao fim do conflito, não levou nada...
Para quem, então, a, Guerra do Paraguai acabou sendo um grande
negócio? - Para o judeu “ROTHSCHILD e seu colega cristão BARINGS” – de acordo
com o poema do inglês Lord Byron, que, os apontava como “os senhores do mundo”,
cujos empréstimos fundam uma nação ou derrubam um trono!
Ao Brasil, os bancos ingleses emprestaram dez milhões de libras
durante o conflito (entre 1871 e 1889), após a guerra essa quantia chegou a 45
milhões de libras. A Argentina recebeu 6 milhões.
O fato de os exércitos da Tríplice Aliança terem sido
financiados por bancos britânicos fez, com que, nas décadas de 1960 e 1970,
surgissem na América Latina uma “nova interpretação para a Guerra do Paraguai”,
segundo a qual, o conflito fora incentivado pela Inglaterra, com o objetivo não
só de endividar o Brasil, e, a Argentina como também sufocar o modelo econômico paraguaio
supostamente “desvinculado’ do imperialismo britânico.
Jose Alfredo – jornalista
Fonte: “BRASIL – Uma História” de Eduardo Bueno
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