31
DE MARÇO – LEMBRANÇAS DA REVOLUÇÃO
Faço questão de relembrar minhas experiências dos idos de 31 de
Março, em plena Revolução que colocava frente a frente, as tropas federais e os
efetivos de guerrilheiros e terroristas de Lamarca, o sanguinário desertor do Exército
Brasileiro, adepto e seguidor da doutrina comunista, com fortes atividades na
guerrilha, por ele iniciada na selva e matas do Vale do Ribeira na região de
Registro.
Desertou em 1969,
tornando-se um dos comandantes da Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), organização da guerrilha armada de extrema-esquerda que combatia o regime
Elevado à condição de ícone revolucionário do socialismo e da esquerda brasileira,[3] foi condenado
pelo Superior Tribunal Militar como traidor e desertor e considerado seu principal inimigo.[4] Caçado pelas
forças de segurança por todo o país, ele comandou diversos assaltos a bancos,
montou um foco guerrilheiro na região do Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo e liderou o grupo que sequestrou o embaixador suíço Giovanni Bucher no Rio de Janeiro, em 1970, em troca da libertação de 70 presos políticos.
Perseguido por mais de dois anos pelos militares, foi localizado e morto no
interior da Bahia em 17 de setembro de 1971.
Eu, chegado no então
1º/5° RI de Lorena no ano de 1967, fui selecionado para a tropa que iria para o
Vale da Ribeira, na região de Registro, participar das operações combinadas
entre o Exército, Marinha, Força aérea e Polícias Militares, de caça ao
Lamarca.
O embarque da tropa para
Registro ocorreu no ano de 1970. Chovia
muito na região e as estradas eram quase intransitáveis. As viaturas quase
sempre atolavam e o cenário era o pior possível para o desenvolvimento e êxito
das manobras.
Minha topa alcançou os
locais onde ficaríamos acampados, com lançamentos das patrulhas de reconhecimento
e de combate, prontas para qualquer momento enfrentar as “tropas de Lamarca”!
Certo dia, a viatura
rádio que eu era o Comandante, deslizou na lama de uma ttilha e virou no
barranco... Foi um grande suto; Primeiro pelo acidente que não aconteceu... Por
sorte não tivemos vítima nem equipamento danificado... Segundo, o medo das
surpresas de Lamarca que ao que nos parecia, sempre estava preparado para suas “emboscadas
assassinas”... E ele atirava muito bem... Sempre foi instrutor de tiro no
Exército (4º RI de Quitaúna em São Paulo)... Então todo o cuidado era pouco
para aquela situação de guerra de guerrilha, cujo inimigo principal era um elemento
de alta periculosidade e conhecimentos de estratégia de combate!
O contexto daquela
operação espalhava diversas unidades por toda a selva e mata do Vale do Rio
Ribeira de Iguape. As condições atmosféricas eram inóspitas para a tropa
regular dos militares. Pois, as trilhas e pequenas estradas vicinais
apresentavam perigos para as viaturas, aos deslocamentos a pé das patrulhas, principalmente
à noite, onde era necessária a mais absoluta disciplina de luzes e ruídos! Além
de que Lamarca já era conhecedor profundo da área e nós acabávamos de chegar
para combatê-lo!
Havia uma rota diária da
viatura de rancho que ia à cidade de Registro para buscar pão, carne, arroz,
enfim os gêneros para a alimentação da tropa... E essa viatura era comandada
por um Sargento japonês, seu motorista e alguns soldados auxiliares de cozinha.
Certamente, esse movimento diário foi observado por Lamarca, que se aproveitou
da chance pra emboscar a viatura, aprisionar seus homens, substituir o Sargento
japonês pelo seu comparsa também japonês e fardado, com a tripulação abaixada
no chão da carroceria presa e imobilizada, passar pelos pontos de controle e
fiscalização de todo a área do acampamento fugindo dessa forma para a Rodovia
Régis Bittencourt com direção a São Paulo, donde abandonou seus prisioneiros e
seguiu para o sertão da Bahia.
Mas, durante ainda as
operações de caça ao Lamarca na região do Vale do Ribeira, Lamarca consegue fazer
prisioneiro o Tenente Alberto Mendes
Junior e o assassinou com golpes a coronhadas de fuzil na sua cabeça.
A operação em que
participei, teve uma duração de um mês. Em 21 de abril, as Forças Armadas tomaram o local com 2.500 homens, mais um contingente
de policiais cedidos pelo governo de São Paulo,[29] bloqueou
estradas vicinais, prendeu 120 pessoas, varreu a mata com helicópteros, fechou
a Rodovia Régis Bittencourt e usou um B-26 da FAB para bombardear áreas civis suspeitas de abrigarem os
guerrilheiros.[30]
O objetivo principal da
presença de Carlos Lamarca e seus 16 comparsas e assessores, era a formação e
treinamento de guerrilha, como já vinha fazendo desde a do Araguaia. Ali na
selva fechada e oportuna, Lamarca reuniu-se com os mais inteligentes de seus
homens, e deram início à formação de um tropa paramilitar, embora formada por
civis guerrilheiros e terroristas se preparando para o enfrentamento às tropas
federais, principalmente do Exército.
Nossa missão, então, ter
minou e voltamos para a casa. Mas, o guerrilheiro CARLOS LAMARCA foi,
localizado e morto, debaixo de uma árvore no sertão baiano, pela Polícia
Federal, que o crivou de balas.
Tive portanto, uma
grande experiência nas condutas militares, num contexto de guerrilha rural,
onde, estávamos entre a cruz e a espada.
Aprendi muito nas
operações diurnas e noturnas, numa selva fechada e inóspita, onde sabíamos que
era mais oportuna à guerrilha de Lamarca e seus homens, que, a nós mesmos, que
nos lançávamos em patrulhas regulares por todo o dia e noite, na busca,
localização e prisão do famoso guerrilheiro/terrorista CARLOS LAMARCA.
Por isso, nos dias de
hoje, celebro e mantenho bem viva na minha memória, a bendita “Revolução de 64”,
quando combatemos os males do comunismo, e, eu particularmente, enfrentei um
dos mais terríveis inimigos da nossa pátria. Saímos vitoriosos! COMUNISMO NUNCA
MAIS!
Subtenente ALFREDO –
Exército Brasileiro.
SALVE A REVOLUÇÃO
DEMOCRÁTICA DE 1964.
Nenhum comentário:
Postar um comentário