terça-feira, 16 de dezembro de 2014


TEMPO SEM TEMPO

(Crônica)

Jose Alfredo Evangelista

Nestes dias de hoje, caminhamos numa estrada com muitas encruzilhadas. A cada momento, nos deparamos com estranhas bifurcações que não indicam destinos! O tempo urge e rouba-nos o tempo de pensarmos com calma quais serão os próximos passos?
O torvelinho da vida urbana limita nossa rotina, agora, mais reclusa entre nossos lares e o trabalho. Já quase não temos mais tempo para observar a natureza... Sentir o perfume das flores... Ouvir a sinfonia dos pássaros... A brisa fresca do campo... A corredeira dos riachos... A caminhada na mata... Talvez até, ouvir o silêncio!
Nem quase percebemos a beleza singela das crianças, nos convidando à pureza de seu comportamento imaculado e inocente!
Não temos tempo para sentarmos nas tardes fagueiras e batermos um papo, na calçada da vida, porque a rua se transformou em pista de corrida do trânsito desvairado!...
O relógio, para muitos, é o mecanismo de subtração do tempo e até o nosso sonho, interrompe! Há tempo para dormir, acordar, comer, sair, trabalhar, pagar as contas, honrar com os compromissos, tomar banho, assistir a novela na televisão...
Onde foi parar o tempo para meditarmos, orarmos, falarmos com Deus?... Ouvir uma boa música, conversarmos a quatro paredes com entes queridos?... Lermos um livro, assoviarmos uma canção, brincarmos com nosso cão, nosso neto, nossa esposa, nosso amigo?...
O tempo está sem tempo para dar tempo ao tempo?...
Ou será que fabricamos um tempo conveniente aos nossos interesses?... Somos donos do tempo? ...
Será que estamos no nosso tempo para perder tempo e não aproveitarmos o tempo?...
O nosso tempo, se esvai na unidade que o próprio homem criou no lapso do segundo... Na rapidez do minuto e no inevitável passar das horas! ... E assim, num piscar de olhos, lá se foram os meses e os anos, que sem tempo, consumiram nosso tempo...
Nessa falta do tempo, sobrou-nos uma esperança... Sem a inclemência do relógio, o lapso dos segundos, a imposição dos minutos, a fatalidade dos meses e a impaciência dos anos, dispomos de um tesouro, que não está limitado na falta de tempo... “TEMOS A ETERNIDADE DA ALMA”... Somos livres para vivermos, sem a chatice do relógio, a implacável marcação do calendário e as rotinas temporais de cada dia, cada noite, cada almoço, cada jantar, cada banho, cada fim de mês, cada inverno e cada verão...
Tempo que não dá tempo para termos um tempo, SÓ NOSSO! ... Exclusividade que só a eternidade vai dar-nos com plena liberdade!...
Sim, liberdade que ganhamos quando escapamos da prisão do tempo da vida...


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