DEVANEIOS NO BANHEIRO

No banheiro somos autênticos

No recôndito do sanitário

Revelamos a autenticidade

De um ser solitário;

Sem cumplicidade...

Pensamos livremente

Como filósofos enrustidos

E na segurança das questões

Aliviamos nossas tensões

Silêncio e conforto;

Sentado e absorto...

No trono do sossego

Reflito o meu eu

E alcanço o apogeu

No banheiro o tempo

Não passa... É o presente

O passado e o futuro

Que vem no fruto maduro

E aflora na realidade

De uma redoma

E na vontade do sintoma

Esvai-se na sensação

Consumada e aliviada!

Por instantes parei e pensei:

O pensamento em devaneios

Levou-me a onde não sei...

E num estalo resolvi meus anseios!

Senti-me saindo do confessionário:

Só e com minha consciência

Desfilei meus pecados

Neles refleti seus corolários!

No banheiro somos verdadeiros...

O silêncio faz-nos refletir

Na vontade do ato derradeiro

O alívio faz-nos sentir!

Jose Alfredo