terça-feira, 14 de julho de 2020


NUM ESTALO

Arregalo os olhos num arremedo
E, de medo escondo a vida salva!
... Quem vem lá pergunta a mente?
Descrente do perigo; Da morte é amigo!
De repente a surpresa mostra sua cara!
Um estampido risca o silêncio...
Uma bala adocicada de sangue penetra
E, rasga as vísceras no profundo furo
Penetrante, e asfixiante de tanta dor!

Num estalo, meto a boca no gargalo
Sorvo minha existência com a água
Milagreira! ... Respiro fundo o ar da vida!
Ouço vozes, falas, gritos de socorro...
No sopé do morro, lá estou eu caído,
E, com a morte um pouco retraído!
Mas ainda vivo, e, suporto-me!
Recordo-me desse quadro visto
Na TV... E agora sou eu! Quem te vê!

E, num estalo, abro os olhos assustado...
Respiro fundo, descubro-me, e levanto-me
Da cama no começo de outro dia...
De tão funesto sonho vi a vida, e, a morte
Num estalo!...


Jose Alfredo







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