domingo, 6 de novembro de 2016

CONTO

BABEL... A confusão

Um viajante do tempo apareceu numa cidade confusa. Um povo sem identidade e atrapalhado. Era muito difícil falar com as pessoas porque cada uma falava uma língua. O estranho no ninho, então, sem se comunicar foi conquistando seu espaço de trabalho e ganhar algum recurso monetário. Ele começou a se estabelecer e foi conquistando seu espaço naquela Babel.
Todos daquela Babel começaram a perceber e se relacionar com aquele estranho que chamava a atenção com seu jeito, embora não falasse suas línguas!  E ele conquistava a amizade e o apreço, pois não se isolava dos demais, como era característica daquela gente estranha!
O tempo passava e o viajante mais conhecido e simpático de todos, resolveu investir numa insólita iniciativa: “Montou uma pequena barraquinha no centro da praça e começou a discursar com fala bem lenta e audível para que todos fossem captando aquela língua estranha”... E todo o dia, lá estava ele falando e as pessoas já se vaziam presentes ouvindo seu discurso e tentando entendê-lo...
Depois de um longo tempo dessa prática, o povo já estava acostumado a se concentrar na praça a ouvi-lo e ele ensinava seus pensamentos e os fazia cumprimentar mutuamente, com aperto das mãos e gestos de amizade quer ia quebrando e derrubando as barreiras de comunicação e relacionamento...
Aos poucos, então, a Babel ia tomando aspectos de uma comunidade unida pela nova língua, com identidade, costumes e nova cultura... Uma cultura de amor, respeito e integridade da comunidade.
Passaram os anos e o viajante, com a missão cumprida, expressou vontade de se mudar para outras paragens... Mas, o povo não o deixou!
O “estranho no ninho” foi convidado a ser o seu líder onde iria dirigir os novos destinos daquela ex-Babel, agora, uma nova cidade, identificada pela mesma língua, cultura e costumes...
Quando acordou do sonho, “Abdel”, o viajante do tempo, lastimou que sua realidade era outra: “Ele estava no meio da guerra e terrorismo do Talibã”... Abriu as janelas do quarto e já ouvia os estrondos de bombas que quase atingiam sua casa!
Ele percebeu então que ainda estava naquela Babel, confusa e sem identidade... Sem paz!
E desta vez não seria louco de ficar no meio da praça discursando e falando àquele povo de língua e cultura estranha!



Jose Alfredo

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