REPORTAGENS DO COTIDIANO - Uma resenha da vida
Como
um repórter anônimo, saio a observar o espectro social do dia a dia. Misturo-me
aos populares que vão e vem nas calçadas da vida. O palco então abre suas cortinas e iniciam-se
os atos.
Logo
que saio de minha casa defronte à uma bela pracinha arborizada vejo um grupo
de jovens amontoados num bando imersos
na fumaceira dos seus pacauzinhos. Passo ao largo, pois eles não gostam dos
olhares curiosos.
Mais
um pouco à frente observo ainda na simpática pracinha latas de cerveja vazias,
bisnagas plásticas de refrigerante e garrafas de vidro de vinho, jogadas sobre
o gramado dos canteiros a poucos metros de uma lixeira.
Continuo
caminhando e logo percebo, a indisciplina do trânsito quando um carro faz uma
conversão proibida à esquerda, cortando os outros que descem uma movimentada
avenida.
Estou
agora mais perto do centro da cidade. O movimento de carros e pedestres
aumenta. Acesso então um calçadão, onde tenho dificuldades para transitar com
os ciclistas que tomam o meu lugar na via exclusiva para pedestres.
Entro
numa agência bancária. Ali vejo algo notório e costumeiro. Clientes de pouca
idade ocupando os caixas destinados aos idosos, grávidas e portadores de
deficiências, apesar da placa indicadora.
As
diversas faixas para pedestres, não tem serventia alguma para o fim a que se
destinam, pois, quase em todas elas, tentei atravessá-las, mas, os motoristas
passam primeiro e corre-se o risco de um atropelamento.
Já
é noite alta. Lá pelas 01,30hs, sou incomodado por gritos e alto falatório na
pracinha. Saio e posso ver um bando quebrando o silêncio público.
Mais
tarde, lá pelas 04,00hs da madrugada um enorme estouro de bomba. Dois idiotas
sem sono naturalmente, soltaram um rojão de um só tiro e possante em frente a
nossa casa.
Observo
também, durante o dia, os motoqueiros entregadores e suas rapidíssimas motos
que serpenteiam por entre os carros e não respeitam a sinalização, faixas para
pedestres, mão de trânsito... É um constante atentado à nossa segurança, tanto
de motoristas quanto de pedestres!
A
Empresa coletora do lixo da cidade é outra aberração da limpeza pública.
Aqueles enormes caminhões que absorvem os contêineres e manuseados pelos
funcionários, quase sempre, deixam os locais dos contêineres, sujos com restos
de lixo no chão. Eu mesmo já peguei na vassoura, varri e recolhi o resto que
eles sempre deixam para trás.
Vejo
também, veículos que trafegam acima de 30km/h em vias curtas voando a quase
60/70 km/h. Outros estacionam nas esquinas a menos de três metros gerando
acidentes porque tiram a visão de quem
vai entrar.
Outro
fato observado nesta reportagem é a dos alarmes residenciais que disparam na ausência
dos moradores e permanecem por longo período infernizando nossos ouvidos
principalmente à noite. Da mesma forma os alarmes dos carros.
A
nossa cidade é especialista nos apagões. Por qualquer trovão ou ameaça de
tempestade ou até mesmo por batidas de carros nos postes, ficamos duas, três
até quatro horas sem energia. Nossos aparelhos elétro-eletrônicos são
desligados abruptamente e correm o risco de sérias avarias.
Mas
o mau atendimento dos balconistas nas nossas lojas também merecem ser comentado
nesta reportagem. A falta de tato, de atenção e de cortesia são notórios.
Quando se entra numa loja a primeira impressão que se tem é que eles nos medem
da cabeça aos pés, para concluírem se somos pobres ou ricos e assim deduzirem o
que iremos comprar!
Fico
apreensivo quando dirijo pelos bairros mais afastados do centro... É que a
maioria das pessoas que está sentada em mesas de bares nas calçadas ou
caminhando, olham para você passando dentro do seu carro. Parece mais um olhar
disparando flechas de algum tipo de ódio ou alguma bronca!...
Mais
bronqueado eu fico quando nas minhas caminhadas, ao cruzar com outras pessoas
comuns eu as cumprimento sem nenhuma manifestação de reposta, mostrando assim,
a falta de educação e estupidez...
Outro
problema sério que mostra o nível negativo na preservação do meio ambiente é o
acúmulo de lixo em locais próximos a escolas, hospitais e residências. Onde
moro, há um contêiner de plástico para que toda a população ali deposite seu
lixo. No entanto há os recalcitrantes ou como queiram ignorantes que acumulam o
lixo em local mais próximo de suas casas, no chão das calçadas. Os cães
aparecem, rasgam os sacos e fica aquela sujeira espalhada pelo chão e o mau
odor invadindo nosso precioso ar respirado.
Já
viram, quando chega a sexta-feira, à noite, os grupinhos da cerveja chegam em
bando, estacionam seus carros e se juntam nos bancos da pracinha. Ali bebem,
regam as ávores com sua fedorenta urina, conversam, divertem-se na sua resenha
e depois vão embora, deixando seu rastro de lixeira ao redor dos bancos. Como
diz um conhecido apresentador de telejornal: “ISSO É UMA VERGONHA”!
Os
pais de crianças pequenas também entram nesta reportagem. Seus “filhinhos” vêm
para a nossa pracinha... Correm, andam de bicicleta... Pisam nos gramados...
Ferem as plantas arrancando seus galhos... Tudo sob as vistas protetoras dos
seus genitores que nem chamam a atenção dos pirralhos para aprenderem a
respeitar as plantas, jardins e gramados.
Assim
como os marmanjos que não são capazes de contornar um canto de canteiro,
atravessando por cima da grama sem a menor parcimônia. Eu que resido defronte a
esse belo logradouro jamais atravessei por cima dos canteiros para encurtar a
minha distância!
Bem,
esta reportagem seria muito maior, se não tivesse que encerrá-la para não ficar
cansativa. O que cansa mesmo é a ignorância de muitas “antas” soltas pelo
cotidiano e que dariam muito mais reportagens!
Jose
Alfredo Evangelista – jornalista do cotidiano
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