O CANTO DA CIGARRA
Uma orquestra afinada alegra ao jardim com sua música. Ela vem
não se sabe de onde. Mas sabe-se que elas estão atarracadas ao tronco das
árvores. Uma canta daqui e outra responde de lá. Parecendo falarem entre si,
dizem umas às outras: -“COMO ESTÁ QUENTE AMIGA”!
A outra responde no mesmo tom: -“ACHO QUE VAI CHOVER”!... E a
conversa musical toma conta da pracinha arborizada e sob a brisa fresca fazem
seu concerto encantando o jardim de nossas lembranças...
A noite chega ao entardecer e lá estão elas, novamente formadas
e executando de suas pautas suas músicas e cantos saudosos. Fazem-nos rebuscar
no baú da via, lembranças de crianças, quando então brincávamos de corre-corre
e pega-pega, sob os mesmos acordes do verão quente e dia longo!
O ano passa, mas, as cigarras sempre voltam às suas algazarras
sinfônicas nas dezembradas calorentas e de sol causticante. O verão se extingue
e elas, todas ao chão e secas, exprimem a saudade das tarde fagueiras, da brisa
fresca, da noite que chega... Da grande lua prateada e sorridente no céu
parecendo querer ouvir também as humildes cantadeiras que mais parecem comadres
no bate-papo dos causos da vida!
Os cantos saudosos das cigarras haverão sempre de voltar em mais
um verão. E elas, novamente irão anunciar a chuva e o calor que abrasa sua
orquestra com amor!
Jose Alfredo
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