quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O CANTO DA CIGARRA

Uma orquestra afinada alegra ao jardim com sua música. Ela vem não se sabe de onde. Mas sabe-se que elas estão atarracadas ao tronco das árvores. Uma canta daqui e outra responde de lá. Parecendo falarem entre si, dizem umas às outras: -“COMO ESTÁ QUENTE AMIGA”!
A outra responde no mesmo tom: -“ACHO QUE VAI CHOVER”!... E a conversa musical toma conta da pracinha arborizada e sob a brisa fresca fazem seu concerto encantando o jardim de nossas lembranças...
A noite chega ao entardecer e lá estão elas, novamente formadas e executando de suas pautas suas músicas e cantos saudosos. Fazem-nos rebuscar no baú da via, lembranças de crianças, quando então brincávamos de corre-corre e pega-pega, sob os mesmos acordes do verão quente e dia longo!
O ano passa, mas, as cigarras sempre voltam às suas algazarras sinfônicas nas dezembradas calorentas e de sol causticante. O verão se extingue e elas, todas ao chão e secas, exprimem a saudade das tarde fagueiras, da brisa fresca, da noite que chega... Da grande lua prateada e sorridente no céu parecendo querer ouvir também as humildes cantadeiras que mais parecem comadres no bate-papo dos causos da vida!
Os cantos saudosos das cigarras haverão sempre de voltar em mais um verão. E elas, novamente irão anunciar a chuva e o calor que abrasa sua orquestra com amor!


Jose Alfredo

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