CONTO DE UM RECRUTA
Jose Alfredo
Quando fui recruta no quartel de Itu prestando o meu serviço
militar obrigatório, quase sempre não tinha dinheiro e estava sempre duro!
Vocês já viram o recruta com dinheiro? ...
Pois é, e quando nas sextas feiras éramos dispensados para
voltar no domingo à noite para o quartel, eu me obrigava a pegar “carona, numa
das avenidas que saiam para Sorocaba, minha cidade naquela época!
Então, eu e outros tantos companheiros de caserna,
experimentávamos a inusitada experiência de pegar uma carona que iria à
Sorocaba.
Era meio complicado, porque nem todos que passavam por ali,
davam carona! Mas, na nossa persistência sempre parava um “filho de Deus” para
nos ajudar e nos levar até a nossa cidade.
Certo dia, já estava a quase uma hora ali no ponto de sempre, e
nada... Começou a bater a aflição de querer chegar a minha casa e ver meus
pais, comer a comidinha da mama, dormir na nossa caminha, sair para o matiné ou
ver um jogo do São Bento.
Quando acenei para um caminhoneiro que passava ele, parou e eu
vibrei... Estava garantida a minha ida à Sorocaba... Eram quase 45 minutos de
viagem...
O cara parou, e me perguntou se eu queria uma carona e eu lhe
perguntei se ele estava indo para Sorocaba, quando sua resposta foi positiva
bateu a felicidade no meu coração!
Mas, o bondoso caminhoneiro me disse: -“Olha moço tem um pequeno
problema. Você não se incomoda de ir na careceria, pois aqui na cabine não
tenho espaço, estou com dois acompanhantes”!
Eu lhe respondi que estava tudo certo e topava e então, ele
voltou a me dizer: - “Mas você vai ficar branquinho, pois eu carrego sacos de
cal”!
Eu não tinha escolha e encarei a experiência! Subi pela roda do caminhão,
e fui me aninhar bem lá atrás da sacaria de cal.
Em tão iniciamos a viagem, sob o vento que batia no sentido
contrário e me salpicava de cal. Mudei da cor verde oliva da minha farda para o
“branco leite”!... (rsrs)
Quando chegou a Sorocaba, o motorista parou e me perguntou se
estava tudo bem e eu, lhe disse que estava ótimo só que todo borrado daquele pó
branco de cal! (rsrs)
Agradeci a carona e segui a pé até minha casa com todos os
olhares pra cima de mim, pois, parecia uma vela ambulante! (rsrsrs)
Nas caronas seguintes eu tratei de ficar bem atento para ver o
que tinha nas carrocerias se fossem caminhões! Coisas de recruta do Exército!
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