segunda-feira, 11 de junho de 2018


O POETA DO SERTÃO

Meu fala é diferente dosotro...
Canto co sabiá...
Trabaio com mão grossa
E canela fina que não ingrossa!
De dia me embrenho na mata;
De noite canto pra  muié!

Sou poeta de cabelo desdenhado.
Cuspo o fumo mascado no sapé.
A viola chora a percura do amô!
Sou caipira sinsinhô!

Meu verso singelo e sem nome
Não sei assina... Sou pobre e
Sem cobre não pude estudá
Pra morde formá!

Meu pensá vem  da mata!
Meu oiá só vejo o vento
Que, sopra e a chuva, que, cai!
O pintacirgo, que, assobia
No fim da porfia!


Sou poeta da roça, que, gosta
Da terra roçá e amo capiná...
Aqui é meu rincão,
Minha poesia é do sertão!

Eu e a muié aqui na chopana
Coberta de barro e sapé,
Tem no bule muito café!
Na noite arta nois ama;
Eu e minha dama!

Nasce o sor e nóis vamo
Embrainhá no sertão
Prantá e coiê nosso pão!

Jose Alfredo








Nenhum comentário:

Postar um comentário